Direito de Família na Mídia
"Não é mais possível a gente se calar", afirma primeira juíza a se desfiliar da AMB por baixa representatividade feminina em Congresso
12/04/2018 Fonte: MigalhasA juíza de violência doméstica do TJ/DF Rejane Zenir Jungbluth Suxberger foi a primeira magistrada a se desfiliar da AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros após baixa participação feminina no XXIII Congresso Brasileiro de Magistrados.
Dos vinte e sete palestrantes confirmados no evento apenas duas, que não são da magistratura, são mulheres. Além de Rejane, cerca de outras 20 juízas também deixaram a associação pelo mesmo motivo.
De acordo com a programação do evento, a procuradora-Geral da República Raquel Dodge e a senadora Ana Amélia são as únicas mulheres confirmadas para palestrar em dois painéis. O evento ainda aguarda a confirmação da ministra do STF Rosa Weber.
Rejane Jungbluth publicou em sua página no Facebook o pedido de desfiliação formalizado. A publicação ganhou repercussão e a partir dela outras juízas também se desfiliaram.
Em entrevista ao Migalhas, Rejane ressaltou que a desfiliação não foi um ato de rebeldia, mas sim de protesto. Segundo a juíza, não é mais possível permitir práticas exclusivas, como a que se deu na programação do Congresso.
"Não é mais possível em pleno século XXI, no ano de 2018, depois da gente discutir tanto essas questões de gênero, permitir essas práticas exclusivas. Não é nada incomum seminários e congressos como esse em que só existem homens participando da mesa. Quando as mulheres estão, elas estão numa minoria. Não é mais possível aceitar situações como essa. Não é nem um ato de rebeldia, pelo contrário, é um ato de protesto. Não posso fazer parte de algo que tem uma postura como essa."
Rejane destacou sua posição no combate à violência contra a mulher, enquanto juíza de violência doméstica do TJ/DF. Para ela, então, seria incompatível participar de uma instituição que toma posições excludentes.
A magistrada enfatizou que a sucessão de desfiliações não foi algo combinado. Ela inclusive enfatizou a desfiliação significativa de Andréa Pachá, da 4ª vara de Órfãos e Sucessões do TJ/RJ, que já ocupou interinamente a presidência da associação.