Direito de Família na Mídia
Mais 12 juízas se desfiliam da AMB por falta de representatividade feminina
12/04/2018 Fonte: JotaAo menos mais 12 juízas aderiram ao movimento de desfiliação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), iniciado por Rejane Zenir Jungbluth Suxberger e seguido por Geilza Diniz e Carla Patrícia, todas atuantes no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
As juízas consideram que a entidade praticou “machismo institucional” por causa da falta de representatividade feminina entre os palestrantes do XXIII Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontece em maio.
Além de integrantes da magistratura do Distrito Federal, juízas de tribunais estaduais da região Sudeste e Sul e magistradas de Tribunais Regionais do Trabalho também se desfiliaram da associação.
A juíza Andréa Pachá, da 4ª Vara de Órfãos e Sucessões do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), é uma delas. Filiada à AMB por 24 anos, Pachá foi vice-presidente da instituição e chegou a assumir interinamente a presidência. Foi a primeira vez que uma mulher esteve à frente da associação.
“Quando recebi o folheto com os nomes que participariam do Congresso fiquei muito impressionada. Não é possível que em um associação que tem quase 50% de mulheres, só duas mulheres tenham sido lembradas para participar do Congresso”, diz Pachá.
Segundo ela, a desfiliação foi necessária para ser coerente e manifestar seu inconformismo com a forma como a AMB vem tratando a questão de gênero. Ela frisa que as desfiliações ocorreram “naturalmente”.
“Não falo em tom de confronto. Não foi um movimento pensado. Foi uma reação natural importante porque mostra o tamanho que o problema tem e seu impacto para a magistratura. Torço para que a entidade reveja a forma de lidar com esse problema”, afirma.
O movimento ganhou força desde a última terça-feira (3/4), quando as juízas Rejane Suxberger e Geilza Diniz, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, deixaram a entidade. A juíza aposentada Carla Patrícia, que também se desfiliou, classificou o episódio como o “exemplo mais real e forte de um machismo institucionalizado”.
As juízas pensam que a AMB desprestigiou e ofendeu as magistradas brasileiras ao não confirmar como palestrantes juízas ou desembargadoras. Segundo elas, apenas a senadora Ana Amélia (PP-RS) e a procuradora-geral da República Raquel Dodge estão confirmadas para palestrar.
Procurada desde sexta-feira, a assessoria de imprensa da AMB informou que não conseguiu contatar o presidente da instituição. Ao responder os questionamentos do JOTA na ocasião das primeiras desfiliações, o juiz Jayme de Oliveira, presidente da entidade, alegou estar “surpreso” com a reação das magistradas já que o “folder” que foi veiculado não mostra a programação completa do evento, que seguia sendo montada.